quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carta a Jesus Cristo



“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”

É este o teu mandamento, Jesus, aquilo por que mais lutaste, a verdade que querias ver cumprida. Porém, desconfio que, agora, do lugar de onde te encontras, sintas uma verdadeira angústia, uma dor maior que aquela que sentiste na cruz, quando observas a humanidade, a tua humanidade, suja de sangue, faminta por dinheiro, despida de valores, dos valores que Tu, Jesus, nos tentaste ensinar.
A tua Igreja ainda está de pé. Aguentou dois mil anos, aguentou o vento e a chuva, aguentou toda a erosão. Verdade seja dita, que eu, como católica, não me orgulho, repudio mesmo, o passado obscuro, desumano e vergonhoso que foi o da Igreja que se diz ser Tua. Qualquer um terá que admitir isso e Tu, Senhor, como grande inconformista, apesar de perdoares como sempre fizeste, deves ter vergonha dessa instituição passada. Todavia, esse é, como disse, o passado. Um passado que é melhor enterrado e esquecido. Na actualidade, a Igreja que se diz em Teu nome é mais condescendente e preocupada com verdadeiras questões do mundo que nos rodeia. É necessário, porém, que se levantem valores ainda muito escondidos. É necessário que a Igreja se erga tolerante, como tu eras. É necessário que a Igreja ame a todos, a todos perdoe e a todos aceite, como Tu um dia fizeste.
Jesus, nós somos a Tua Igreja. Imperfeita, é certo, mas cheios de força para seguir o caminho que traçaste para nós. Nós queremos ensinar o que tu sempre ensinaste. Nós precisamos e temos de levar o amor, a paz, a condescendência, a tolerância, o perdão a todos. Nós somos a Tua Igreja e queremos esquecer o passado, derrubar a heresia, porque no presente nós estamos no caminho certo para nos auto-denominarmos teus seguidores. E apesar de ser preciso limar muitas arestas, de ser necessário quebrarmos tradições sem sentido, orgulha-te de nós, pois nós estamos a tentar, a tentar erguer um mundo novo!


Anta, 13 de Janeiro 2010
Ana Évora