quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quarema

A hora de JESUS..
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Jesus sentia que era um momento decisivo…

Nessa manhã tinha entrado no Templo, depois de ser recebido como um Profeta e aclamado como líder carismático pelos simples do seu Povo, e desatara à chicotada como sinal de libertação de toda a lógica escravizante do culto que aí se praticava.

Nessa manhã, fora longe demais…
E ele sabia-o. Não tinha sido um acaso essa atitude.

Agora, neste anoitecer de quinta-feira em que se preparava para comer a refeição da Páscoa com os seus discípulos, à mesma hora em que todas as famílias judaicas o faziam, Jesus percebia que era a Hora decisiva e definitiva…Não teria muito mais tempo… Era impossível tê-lo, pois os chefes do seu Povo, os “donos do deus do Templo” fariam tudo o que pudessem para o apanhar o mais depressa possível.

Diante de si, a Fidelidade que pagaria com sofrimento e talvez mesmo com uma morte violenta, ou dar um “passo atrás”, fugir da sina dos Profetas, e voltar à pacatez de Nazaré…

No íntimo de Jesus, o anoitecer desta quinta-feira é a Hora decisiva da luta entre a Fidelidade e a desistência, entre a Confiança e o medo… Mas se o sofrimento lhe parecia assustador e o viria a fazer chorar de rosto por terra umas horas depois, “voltar atrás” era-lhe insuportável!

Jogava-se a escolha definitiva entre a infidelidade insuportável e a Fidelidade que conduziria a um sofrimento, apesar de tudo, menos insuportável! A Confiança e o Amor trocam sempre os trunfos em jogo…

No início da refeição pascal, Jesus fez silêncio com um pão nas mãos, com os discípulos olhando para ele, certamente esperando que ele proclamasse a bênção habitual daquele momento. Mas Jesus, com aquela crua linguagem que era típica da sua cultura, disse outra coisa: “Este pão é o meu Corpo! Tomai todos! Comei todos do meu Corpo entregue por vós!”Depois partiu-o em pedaços e deu-o a todos a comer.

Já no fim da refeição, quando chegava a altura da Taça da Bênção, que era um grande copo de vinho que o chefe da mesa abençoava e distribuía ritualmente a todos os convivas, Jesus surpreendeu novamente os discípulos: “Este é a taça do meu Sangue. Sangue de uma Nova e Eterna Aliança! Sangue derramado por vós e por todos!”Passou a taça de vinho por todos, e todos beberam.

Na linguagem do pão e do vinho, do Corpo e do Sangue, Jesus faz um convite aos seus discípulos a comungarem consigo e a participarem da sua sorte! Comer com ele, alimentar-se dele, significa comungar com ele, solidarizar-se com o seu destino.

Por isso todos estes sinais de comunhão com os quais Jesus revela aos seus discípulos a sua Confiança absoluta de que a sua Vida iria ser glorificada apesar da morte que lhe estava a ser preparada, são sintetizados por ele deste modo:
“Fazei isto em memória de mim!”
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