segunda-feira, 6 de abril de 2009

Domingo de Ramos

Carta de S. Paulo aos jovens de Anta
Queridos jovens:
Hoje decidi utilizar parte do meu tempo para disfrutar a natureza e é deste espaço aberto que me disponho a escrever-vos. Neste momento sinto o ar fresco batendo no meu rosto e experimento a sensação de estar a ser invadido por um sopro de vida. Respiro profundamente, quero que este ar entre, que a partir de dentro empurre e tire para fora tudo o que encontre morto dentro de mim. Que entre e me renove interiormente até poder encher de ar os meus pulmões, sem nenhuma dificuldade.
Ao mesmo tempo que faço este exercício, penso em vós. Sabem que hoje é Domingo de Ramos, e que estamos à porta da celebração da Páscoa. No evangelho deste domingo vamos escutar o relato da Paixão escrito por Marcos. Quando relia este texto recordava-me de uma coisa que escrevi há muitos anos: “De facto, a linguagem da Cruz é uma loucura...”. Não me engano, é isto mesmo o que vós pensais, “Isto é uma loucura!, não há quem O entenda!”, e seguramente que perguntais “Jesus não exagerou?, e, ainda mais, “serviu de alguma coisa a Sua morte?”. Têm o direito de fazer estas perguntas e outras deste estilo.
Não vou dedicar esta carta a responder-vos, seria demasiado longa e no final não sei se chegaríamos a entender alguma coisa. Vou só fazer-vos algumas perguntas para que, cada um de vocês, pense e responda pessoalmente: Já pensaste alguma vez que Deus não é como tu O imaginas, que talvez Deus esteja um pouco louco? Já pensaste alguma vez que faz falta estar um pouco louco para que um mundo diferente seja possível? Que loucuras fazes, ou fizeste, para que os teus ideais se tornem realidade? Já viste fazer alguma loucura a alguém? 
Continuo a sentir como o ar bate no meu rosto e como este sopro de Vida entra em mim. Começo a experimentar que o Espírito de Deus me invade e que o mesmo Espírito me fala de que têm de acontecer coisas novas. Fala-me de que um mundo novo e uma terra nova têm que surgir;de que homens com rostos alegres se saudarão e ajudarão ainda que não se conheçam; de que as crianças compartilharão e aprenderão com os mais velhos; de que teremos tempo para nos escutarmos uns aos outros e por isso ninguém estará mais sozinho. Fala-me de que começaremos a acreditar nos outros, não só nos nossos amigos, mas em todos; de que não teremos inveja e nos empenharemos em construir juntos aquilo que seja o melhor para todos, para a sociedade, para a Igreja, sem nos importarmos de quem é a ideia. Fala-me de que nascerão alguns loucos que acreditarão num Deus Vivo.
Paulo, Apóstolo de Cristo

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